A Revista Criativa publicou uma entrevista com Robert Pattinson, onde ele fala sobre Água Para Elefantes, carreira, teatro, se apaixonar e ainda comenta sobre o fato de preferir deixar sua vida amorosa em segredo. Não percam!
Em Água para Elefantes, o ator interpreta um jovem estudante de veterinária que vai trabalhar em um circo; apesar de aliviado por poder suar em cena, o vampiro de Crepúsculo não deixa de lado o ar de galã romântico
Robert não é tolo. Onde quer que esteja, o ator inglês de 24 anos investe no papel de herói romântico. É assim com Jacob Jankowski, o protagonista do filme de Francis Lawrence, baseado no livro homônimo da canadense Sara Gruen. Nesse drama, que se passa em um circo nos tempos da Grande Depressão (1929-1939), Robert contracena com dois atores vencedores do Oscar, Reese Witherspoon (como atriz, por Johnny & June) e Christoph Waltz (como ator coadjuvante, por Bastardos Inglórios). Nessa entrevista, o ator fala sobre seu primeiro amor, o ódio que nutre por fotografias e um certo desconforto causado pela histeria de fãs.
“É esquisito quando a gente faz um filme. Parece que está preso em bolhinhas de tempo. Eu me sinto assim”
Como foi trabalhar com tantos animais selvagens? Sua concepção de circo mudou ao fazer Água para Elefantes, no que diz respeito à maneira como os animais são tratados? Eu sei que muitos circos têm má reputação por causa disso, mas nenhum dos animais com que trabalhamos era de circo; eram todos animais de cinema. Sei que deve ser bem difícil por causa da quantidade de lesões que os animais sofrem. Para ensinar aos cavalos os truques que eles precisavam saber, demorou meses e meses. Caso um se machucasse, não havia substituto. Gerenciar um circo é uma coisa precária.
Houve algum momento em que você ficou assustado com os animais? Uma vez, com as zebras. Elas são impossíveis de domar. Se elas são amarradas, simplesmente puxam a corda até soltar e, se não conseguem soltar, ficam dando coices. Uma conseguiu se soltar e correu na minha direção. Era parte de uma cena, e eu saí da frente. Depois todos acharam que eu era um maricas por ter saído da frente.
Francis Lawrence, o diretor do filme, contou que foi difícil achar um homem de 23-24 anos que não fosse jovem demais para o papel. E ele disse que você já era homem – pensativo, inteligente, atencioso, forte e confiante. O que faz um homem ser homem? Não sei. Sempre penso que, se você se sente à vontade com quem você é, então está bom. Não sei se alguém realmente algum dia chega a ser um homem.
“Não gosto que tirem foto de mim. Mesmo antes de tudo isso, eu não gostava quando minha mãe tirava foto de mim”
Você se sente adulto? Mais ou menos e de jeito nenhum. É esquisito quando a gente faz um filme. Parece que está preso em bolhinhas de tempo. Eu me sinto assim, principalmente com a coisa da fama. Você pára de conhecer gente nova. Nunca conheço ninguém. Você tem a mesma conversa o tempo todo, então nunca se desenvolve do mesmo jeito que a maior parte das pessoas amadurece. Sabe como é, você escuta as várias perspectivas que as pessoas têm sobre as coisas, mas passa pelo mesmo tipo de bobajada banal a cada vez que fala com elas.
Tipo isto aqui… No final, isso acaba afetando sua mente. Você na verdade já não sabe mais como ter uma conversa com alguém a respeito de nada. Se a pessoa não está falando de você, você fica, tipo: “Hã?” (risos).
Para onde você vai quando quer ter um pouco de vida normal? Quando você participa de um filme não apenas como ator, você se força a participar de reuniões. As pessoas são obrigadas a tratar você como um verdadeiro técnico, então é isso o que quero fazer. Se você for só um ator, é muito engraçado, porque as pessoas acham que precisam esconder tudo de você, o tempo todo. É tipo: “Ah, ele não pode se incomodar com nada”, e isso é bizarro. Você é igual a um passarinho. Tem segurança ao seu redor o tempo todo.
Você acredita em amor à primeira vista? Acredito, completamente.
Isso já aconteceu com você? Muito… Acho que, com a maioria das pessoas por quem você pensa que está apaixonado, isso acontece na primeira vez em que você vê a pessoa. Quer dizer, a primeira vez em que você enxerga a pessoa de verdade. Acho.
Como você sabe que está apaixonado? Que tipo de sensação é essa para você? Não sei. É impossível responder.
Mesmo? Acho que sim… É, não sei.
Se você tivesse a oportunidade, como o seu personagem, de contar a história da sua vida, como seria? Eu espero ser capaz de lembrar uma parte dela. É engraçado, é como estar cansado o tempo todo. Fico apavorado com a perspectiva de não me lembrar de nada da minha vida. Faz seis meses que estou fazendo um trabalho e não consigo me lembrar de nenhum dia das filmagens.
O que significaria para você ter uma vida bonita? Só fazer as coisas das quais você se orgulha. Outro dia eu peguei um cachorro para criar, estou bem feliz com isso. Realmente, não é necessário muita coisa.
Sua vida amorosa é um grande segredo. Às vezes não dá vontade de sair e mostrar para o mundo? Nunca tenho vontade de mostrar nada para o mundo (risos). Eu estava na escola quando tive minha primeira namorada… Nem era namorada, eu convidei alguém para sair quando tinha uns 12 anos. No dia seguinte, na escola inteira, foi: “Você vai sair com a…?”. E eu fiquei, tipo: “Ai, meu Deus!”. Acho que nunca mais falei com a menina. Fiquei só sentindo o maior incômodo. É parecido com o mercado de ações: quanto mais especuladores, mais desastrosas as coisas ficam.
Desastrosas para quem e com o quê? Se você disser “esta é a verdade” e as pessoas já estiverem falando sobre sei lá o quê, a certa altura você só contribui para engrossar o caldo. A sua verdade não é mais verdade do que a verdade que está na capa da revista de fofoca. Você próprio se transforma em uma fofoca.
Deve ser difícil manter esse tipo de vida tão privada, não? Não gosto que tirem foto de mim, nunca. Mesmo antes de tudo isso, eu não gostava quando minha mãe tirava foto de mim, e daí…
“É engraçado quando você pode suar sem precisar de cinco maquiadores para dar retoques. É um alívio”
…E daí você optou por ser ator. No set, não me incomodo. É esquisito. Mas evito a todo custo. Tenho agido assim desde que começaram a andar atrás de mim em todos os lugares. A única coisa que me irrita é gente que me segue. Se as pessoas conseguem ganhar dinheiro só esperando na frente da minha casa e me seguindo, elas vão ficar lá me vigiando para sempre, em vigilância 24 horas por dia. É preciso se esforçar para que isso não aconteça.
O que você faria para que isso parasse de acontecer? Eu daria um tiro (risos).
Por que você resolveu trabalhar nesse filme? Eu estava saindo de mais um filme da série Crepúsculo. Uma das dificuldades de fazer Crepúsculo é nunca suar, seu rosto tem de estar definido sempre. Se você faz uma expressão exagerada, fica parecendo cabúqui (estilo teatral japonês). Então você fica muito contido. Li o roteiro de Água para Elefantes e gostei. Mas também era um mundo bem físico e mais sujo. É engraçado quando você pode suar sem precisar de cinco maquiadores para dar retoques. É um alívio.
O filme fala de amor em todas as formas. Fale sobre o amor, o que você aprende com ele, como você o define? Não sei. Você deve saber todas as perguntas difíceis…
É o filme… Como se define amor? Nesse filme, não é nada convencional. Não acho que seja a respeito de ele (Jacob) se apaixonar por ela (Marlene, interpretada por Reese Witherspoon) e querer ficar só com ela. A coisa mais doce é ele reconhecer que não quer apenas levá-la embora e ficar com ela. Isso nem é amor, é só uma coisa de orgulho. Se você ama alguém, acredita que ela é a melhor pessoa do mundo. Ela não se vê assim, e essa é a única coisa que ele quer mostrar a ela. Isso é amor. Ele quer que ela se ame do mesmo jeito que ele a ama.
Você tem algum plano de voltar para o teatro? Ainda mora em Londres ou resolveu se fixar nos Estados Unidos? Estou fixado em todo lugar; moro em hotéis. Adoro fazer coisas de teatro. Mas, neste momento, não seria uma boa experiência. Não consigo imaginar que seja algo além de pessoas tirando fotos. É demais para aguentar. É como se houvesse energia demais em uma plateia. Não é só uma energia que está esperando para aparecer. É uma energia que deseja agarrar. Não daria certo.
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